Cosme foi encontrado morto, dentro da sala do júri, com um tiro na cabeça. Com ele, além da arma em sua mão, foi encontrada também uma carta de suicídio.
Redação
com informações do pauloafonsoemdestaque.com e chicosabetudo.com.br
Crédito: Acervo pessoal da família
Cosme Porfírio, 38 anos
Paulo Afonso amanheceu nesta quinta-feira (12) com a notícia da morte do vigilante do Fórum Adauto Pereira de Souza. Cosme Porfírio, de 38 anos, residente no bairro Prainha, tirou a própria vida com um tiro na cabeça.
Ontem, quarta-feira (11), o vigilante chegou ao seu local de trabalho no horário compreendido das 6h da tarde à meia-noite, e trancou as portas. Por volta das 23h45, o vigilante que iria trocar de turno com Cosme, o senhor Telmárcio, chamou seu companheiro por diversas vezes, buzinou para chamar atenção do colega que sairia do plantão, mas não obteve nenhuma resposta. Telmárcio chegou até a pular o muro do fórum, contudo, já às 2h da manhã, não obtendo êxito em localizar o colega de trabalho, retornou para a sua residência, deixando antes, um cartaz na frente do fórum. No aviso, o colega escreveu que Cosme tinha um sono muito pesado e perguntou o que havia acontecido.
Hoje pela manhã (12), por volta das 6h, o vigia Marcelo "Palito" chegou ao serviço, chamou por Cosme, e não havendo resposta, pulou o muro do fórum e, chegando à porta dos fundos, conseguiu ver através das frestas o corpo do colega. Foi nesse momento que a Polícia Militar foi acionada.
Os policiais arrombaram a porta e constataram que o vigia Cosme Porfírio estava morto e devido às características encontradas no local, Cosme aparentemente havia cometido suicídio, disparando dois tiros ao mesmo tempo com armas de fogo na cabeça.
Na sala do júri, onde o vigia foi localizado, foram encontrados dois revólveres calibre 38 e também uma carta de suicídio, onde Cosme pede para que Deus cuide de seus filhos e relata que o suicídio foi motivado por suas dívidas, contudo, esse bilhete não esclarece ainda o motivo da sua morte. Segundo informações, Cosme Porfírio havia tentado suicídio há mais de um ano, ingerindo veneno para matar ratos.
Porfírio é natural de Piranha - Alagoas e residia na Rua Haiti, bairro Prainha em Paulo Afonso. Ele deixa esposa, uma filha de 09 anos e dois filhos, um de 02 anos e outro de que havia completado 01 ano ontem (11).
A Polícia Militar isolou o local e a Polícia Técnica levou o corpo para o IML de Paulo Afonso, porém, devido à falta de médico legista na cidade, o corpo será levado ao IML de Juazeiro. O fórum informa ainda que nesta quinta-feira não haverá expediente devido ao fato. As atividades voltam ao normal nesta sexta (13).
Fonte: Ozildo Alves
Comentário
Infelizmente o suicidio existe. E os motivos que aparentemente para uns, parecem nao terem valor, para outros tem uma dimensão enorme.
O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo. Apesar disso, ainda é tratado como um tabu e pouca gente tem coragem de discuti-lo abertamente.
A cada 40 segundos alguém se suicida em algum lugar do mundo. Uma das principais causas de morte entre os humanos, o suicídio estarrece, incomoda, silencia. Entenda o que gera o comportamento suicida e como esse gesto externo pode ser evitado.
O desespero beira o insuportável. A cada dia, o sofrimento - físico ou emocional - fica mais intenso e viver torna-se um fardo pesado e angustiante. Sua dor parece incomunicável; por mais que você tente expressar a tristeza que sente, ninguém parece escutá-lo ou compreendê-lo. A vida perde o sentido. O mundo ao seu redor fica insosso. Você sonha com a possibilidade de fechar os olhos e acordar num mundo totalmente diferente, no qual suas necessidades sejam saciadas e você se sinta outro. Será que a morte é o passaporte para essa nova vida?
Atire a primeira pedra quem nunca pensou em morrer para escapar de uma sensação de dor ou de impotência extremas. Parece comum ao ser humano experimentar, pelo menos uma vez na vida, um momento de profundo desespero e de grande falta de esperança. Os adjetivos são mesmo esses: extremo, insuportável, profundo. Mas, aos poucos, os seus sentimentos e idéias se reorganizam. Suas experiências cotidianas passam a fazer sentido novamente e você consegue restabelecer a confiança em si mesmo. Você descobre uma saída, procura apoio, encontra compreensão. Aquele desejo autodestrutivo, aquela vontade de resolver todos os problemas num golpe só, se dilui. E você segue adiante. Muitos, no entanto, não conseguem encontrar uma alternativa. O suicídio, para esses, parece ser a última cartada, o xeque-mate contra o sofrimento, um gran finale para uma vida aparentemente sem sentido, para um presente pesado demais ou para um futuro por demais amedrontador. E eles se matam.
Imperscrutável, no limite, o suicídio não tem explicações objetivas. Agride, estarrece, silencia. Continua sendo tabu, motivo de vergonha ou de condenação, sinônimo de loucura, assunto proibido na conversa com filhos, pais, amigos e até mesmo com o terapeuta. Mas as estatísticas mostram que o suicídio precisa, sim, ser discutido. Trata-se, além de uma expressão inequívoca de sofrimento individual, de um sério problema de saúde pública. Não pode mais ser ignorada.
Casos de suicídio muitas vezes são deliberadamente mascarados nas estatísticas oficiais. Suicídios de crianças tidos como morte acidental ou acidentes de automóvel, causados por jovens que dirigem alcoolizados e em alta velocidade: para os especialistas, esses são, sim, atos suicidas. "Se você investigar a vida dessas crianças e jovens semanas ou meses antes da morte, pode identificar sinais de que algo não ia bem", diz a psicóloga Ingrid Esslinger, do Laboratório de Estudos sobre a Morte da Universidade de São Paulo (USP). A poeta americana Sylvia Plath (1932-1963) tentou se matar duas vezes antes de concretizar o suicídio (tais experiências levaram-na a escrever o romance A Redoma de Vidro). Uma das vezes foi um "acidente de carro". Aparentemente, Sylvia perdera os sentidos no volante e deixara o carro sair da estrada e ir ao encontro de um aeródromo. Segundo o crítico literário Alfred Alvarez, amigo da poeta, a própria Sylvia admitiu que saíra intencionalmente da estrada, com o objetivo de morrer.
"Todos já pensamos em suicídio em algum momento na vida. É um pensamento humano. Se não desejamos nos matar, ao menos cogitamos morrer - morrer para escapar do sofrimento, para nos vingar, para chamar a atenção ou para ficar na história", diz o psiquiatra e psicanalista Roosevelt Smeke Cassorla, da Sociedade Brasileira de Psicanálise, um dos maiores especialistas brasileiros em suicídio. "Mas resolvemos continuar vivos e melhorar as nossas condições de vida. O suicídio, então, soa como um desatino. A pergunta que fica é: por que algumas pessoas desistem e outras não?"
Por trás do comportamento suicida há uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos que, embaralhados, culminam numa manifestação exacerbada contra si mesmo. Para decifrá-los, os estudiosos recorrem à "autópsia psicológica", um procedimento que tem por finalidade reconstruir a biografia da pessoa falecida por meio de entrevistas e, assim, delinear as características psicossociais que a levaram à morte violenta.
"Existem causas imediatas predisponentes - como perda do emprego, fracasso amoroso, morte de um ente querido ou falência financeira - que agem como o último empurrão para o suicídio", diz a psicóloga Blanca Guevara Werlang, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), especialista em autópsia psicológica. "A análise das características psicossociais do indivíduo, porém, revela os motivos que, ao longo da vida, o auxiliaram a estruturar o comportamento suicida. Pode mostrar as razões para morrer que estavam enraizadas no estilo de vida e na personalidade."
Fenômeno complexo, o suicídio configura um assassinato, em que vítima e agressor são a mesma pessoa. "A definição de suicídio implica necessariamente um desejo consciente de morrer e a noção clara de que o ato executado pode resultar nisso. Caso contrário, é considerado morte por acidente ou negligência", diz o psiquiatra José Manoel Bertolote, líder da Equipe de Controle de Transtornos Mentais e Cerebrais do Departamento de Saúde Mental e Toxicomanias da OMS.
O fato de estar consciente de que vai efetuar um ato suicida não elimina, no entanto, o estado de confusão mental que o indivíduo experimenta momentos antes da ação. "Ele não sabe se quer morrer ou viver, se quer dormir ou ficar acordado, fugir da dor, agredir outra pessoa ou, de fato, encontrar o mundo com o qual fantasia", diz Roosevelt. Afinal, o suicida tem diante de si duas iniciativas complexas e contraditórias a conciliar naquele momento: tirar a vida e morrer. O suicídio ocorreria, então, num instante em que a pessoa se encontra quase fora de si, fragmentada, com os mecanismos de defesa do ego abalados e, por isso, "livre" para atacar a si mesma.
Há suicídios e suicídios. Por isso, os especialistas costumam avaliar a tentativa de se matar ou o ato propriamente dito a partir de duas variáveis: a intencionalidade e a letalidade. A primeira diz respeito à consciência e à voluntariedade no planejamento e na preparação do ato suicida. A segunda, ao grau de prejuízo físico que a pessoa se inflige. Existem casos em que o indivíduo demonstra evidente intenção de morrer e alto grau de letalidade, ao optar por um método eficiente. Em outras ocorrências, a vontade de morrer é fraca, apesar de voluntária, e o método escolhido é pouco prejudicial. Ou seja: há casos de suicidas propriamente ditos. E há casos em que a pessoa só está pedindo socorro, implorando para ser resgatada. Claro que há quem não queira enfaticamente a morte mas, por usar um meio perigoso, acabe sendo bem-sucedido.
E outros, cujo objetivo é mesmo acabar com a própria vida, por desconhecimento da maneira mais efetiva de causar danos graves a si mesmos, acabam sobrevivendo. (Aliás, esses, se não receberem tratamento adequado, são candidatos a uma nova tentativa.)
As pessoas que ameaçam se suicidar não o fazem de fato
80% das pessoas que se mataram verbalizaram previamente sua intenção
O suicídio ocorre sempre sem aviso
Geralmente são avisos indiretos ou dissimulados como: "não sirvo para nada", "só estou atrapalhando", mas as pessoas que se matam sempre avisam antes.
Uma pessoa que já pensou em suicídio será sempre uma candidata a ele.
Nâo é verdade, uma pessoa que pensou ou tentou suicídio poderá vir a superar suas diviculdades e passar a rejeitar fortemente a idéia de morrer.
O suicídio ocorre mais entre os ricos.
Falso, ocorre nas mesmas proporções entre ricos e pobres.
Ajudar não é fácil e não nascemos sabendo, esta é a posição inicial para quem nunca teve um preparo especial para lidar com quem precisa de ajuda. Ajudar significa dar aquilo que a pessoa precisa e não aquilo que achamos que ela precisa. O que mais se encontra na prática e isso não se restringe às pessoas potencialmente suicidas mas todos enfermos que precisam de ajuda. Admitir que não saber o que falar é uma atitude positiva de quem é humilde e se não souber o que dizer não tente inventar, afirme que não sabe o que dizer mas está disposto a ouvir de coração aberto o que a pessoa tem a dizer.
Ouvir ativamente. Observar o que não é dito, tolerar as incoerências e as contradições, não é hora de dar lições de moral nem mostrar os erros, é hora de estimular a dar a volta por cima e ser paciente na dor.
Demonstrar impaciência e pior ainda, irritação significam para quem fala uma rejeição pessoal impossibilitando um relacionamento livre de impedimentos.
Estar preparado para comportamentos inaceitáveis e incompreensíveis como agressões contra quem quer ajudar. Isto não deve significar o fim da linha nem deve levar a desistência da ajuda, afinal uma pessoa para pensar em matar-se está ou numa situação extrema ou possui uma personalidade profundamente complexa e problemática, não será possível entender em pouco tempo reações desse calibre.
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, ajudar não é fácil nem intuitivo, para ajudar é necessário estar preparado, se possível, trienado, dizer aquilo que se julga ser bom e eficaz pode vir a ser destrutivo. As pessoas não são todas iguais, as circunstâncias variam, os valores mudam, as crenças são adquiridas ou perdidas, por isso, para se ajudar uma pessoa que quer morrer é assunto para pessoas bem informadas e bem formadas, do contrário é melhor não falar nada. a em suicídio é uma pessoa solitária, ela pode estar no meio de uma grande multidão ou de uma grande família mas sente-se só. Antes da primeira tentativa ela tenta se comunicar mas é considerada inconveniente, sem tato, chata e tende a ser isolada e rejeitada pelas pessoas, passa a ser alvo de fofocas que não perdoam o sofrimento alheio. Outras vezes a pessoa não consegue deixar claro seu sofrimento e sua angústia, logo a tentativa ou a consumação do suicídio pode ser uma tentativa de comunicação. Por outro lado existe as pessoas com transtorno histriônico de personalidade, essas são manipuladoras e usam as ameaças contra própria integridade como forma de manipular os parentes, não é possível manipular os médicos porque esses sempre internarão as pessoas acometidas por algum fator de risco que ameaçam se matar, mas os parente estão sujeitos às manipulações. Essa situação é extremamente difícil de se lidar, não sendo possível estabelecer regras nem condutas pré-definidas. A contenção da manipulação por ameaças de suicídio exige muito frieza por parte de quem houve, prudência, preparo, paciência e possibilidade de agir com rapidez se necessário.
O gesto suicida não surge repentinamente, se ocorre repentinamente é porque a pessoa estava nos anos ou meses anteriores escondendo todo seu sofrimento. Uma pessoa sempre solícita e sorridente no trabalho não por ser descartada como um potencial suicida, pode surpreender quem está ao lado, mas isso significa apenas que conseguiu encobrir muito bem todo seu sofrimento. Uma pessoa sem o preparo especial pode oferecer compreensão (os ouvidos e um olhar atento) e o calor humano (interessar-se pessoalmente e dispor-se a procurar meios de ajudar). A compreensão é sempre incondicional nessas situações, não se pode querer que a pessoa pense ou acredite como quem ouve, talvez e quase sempre será, ela terá valores e crenças distintos ou talvez nenhuma crença ou valor. A atittude de quem quer ajudar deve ser: "não imagino o que você está passando, mas estou disposto a estar ao seu lado para tudo que me pedir, exeto para ajudar a morrer".
O que fazer ?
Ser você mesmo
Fazer com que a pessoa se sinta acolhida por você
Relacionar-se com a pessoa não apenas com o problema
Ofereça toda sua atenção e mostre-se disponível
Facilite o desabafo
O que não fazer.
Subestimar ou desvalorizar as preocupações apresentadas.
Impor conselhos.
Emitir opiniões ou julgamentos.
Ser paternalista.
Fazer promessas que não podem ser cumpridas.
Falsas esperanças como :"amanhã estará tudo melhor".
O mundo deveria prestar mais atenção, nos Cosmes Porfírios que existem pelo mundo afora.