"Tolerar a injustiça é relativamente aceitável, condenável é a intolerância da justiça". Leandro Francisco

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Você conhece o peixe com cara de dragão?

Ele é bem raro e vive em até mil metros de profundidade. Há muitas outras espécies incomuns que habitam o litoral e os rios brasileiros. Confira
Cara e nome de dragão: um exemplar de dragão, encontrado no Espírito Santo
A foto ao lado poderá assustar os desavisados. Esse bicho mora no mar, tem cara e nome de dragão e um nome científico tão ou mais esquisito que ele mesmo: Trachypterus jacksonensis. O peixe dragão come tudo o que sua boca em formato de tubo consegue aspirar. Antigamente, pode ter sido responsável pelas lendas da existência das serpentes do mar (seu corpo é comprido). Ele é só mais uma das espécies que vivem no Brasil e que são pouco conhecidas do grande público. A cabrinha-de-fundo, por exemplo, nem foi descrita pela ciência. Já o João-Preto é tão raro que só se conhecem 13 indivíduos no mundo.
Quem diz isso é o publicitário e biólogo especializado em peixes marinhos Alfredo Carvalho, que gosta desses animais desde menino. Passou a desbravar mares, rios e córregos atrás de espécies raras – “conheço quase todas as bacias e, do litoral brasileiro, só não fui ao rochedo São Pedro e São Paulo”. Todos os anos, passa dois meses na Bahia, onde é pesquisador do Projeto Tamar. Sua missão é desvendar espécies de peixes encontradas pelo projeto e que não são reconhecidas num primeiro momento.
Segundo ele, uma nova espécie de peixe é descoberta por dia no mundo. Nos últimos cinco anos, foram cerca de 2 mil, 600 só no Brasil. Se não desconhecidos, os peixes do infográfico abaixo são bem esquisitos, e difíceis de serem encontrados. Clique e saiba mais sobre eles.


Fonte: Época por Laura Lopes 

Quem fiscaliza o fiscal?

Ministros do Tribunal de Contas da União relatam e julgam processos de amigos, parentes e colegas de partido. Mas, para eles, é tudo normal
VIDRAÇA


 A fachada da sede do TCU em Brasília. A conduta de alguns ministros do Tribunal está sob questionamento

Criado para auxiliar o Congresso Nacional na fiscalização dos gastos do governo e na conduta administrativa de autoridades, o Tribunal de Contas da União (TCU) é um poderoso guardião do dinheiro público. Diariamente seus auditores examinam contratos de grande valor firmados pela União. Os procedimentos podem levar a processos, julgados por uma corte de nove ministros titulares e quatro substitutos. As decisões dessa corte podem paralisar grandes obras, suspender contratos e punir autoridades. Graças a esse trabalho conjunto todos os anos o TCU evita a perda de bilhões de reais de dinheiro público. Para manter a legitimidade dessa função, o TCU deve pairar acima de suspeitas que manchem sua credibilidade.
Nas últimas semanas, no entanto, essa imagem foi abalada pela conduta de alguns de seus integrantes e da administração do Tribunal. Tornou-se público que ministros da corte receberam dinheiro para fazer palestras em órgãos de governo vigiados pelo TCU, costumam viajar nos fins de semana com passagens pagas com dinheiro público e têm parentes com empregos na máquina pública incondizentes com o papel de fiscalização do Tribunal. É o caso de Maria Lenir, mulher do presidente do TCU, Benjamin Zymler, que havia sido nomeada para a liderança do Partido da República (PR) no Senado. O PR comanda o Ministério dos Transportes, um dos órgãos mais enrolados em processos no TCU. Depois que o caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Zymler disse que a mulher, funcionária do Senado, não assumirá o cargo.
Como ocorre no Judiciário, os ministros do TCU devem se declarar “impedidos” de julgar processos em que eles têm interesse ou em que familiares, amigos íntimos ou inimigos figurem como partes. Quando algum fato possa levantar dúvidas sobre a lisura de um julgamento, apesar de não haver imposição legal, eles também podem se declarar “suspeitos” e assim se abster de votar em determinados processos. Essa é uma atitude prudente e recomendável, que deve ser adotada para evitar suspeições sobre suas decisões. ÉPOCA apurou que tal cautela não foi seguida em julgamentos recentes.
A criação de um órgão de controle externo pode aprimorar o funcionamento dos Tribunais de Contas
O ministro Walton Alencar relata sete processos que envolvem o ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia. Embora um sobrinho de Walfrido, Frederico dos Mares Guia, ocupe cargo de confiança em seu gabinete, Alencar não viu problema s em aceitar argumentos apresentados por Walfrido para justificar supostas irregularidades em convênios no Turismo. Na decisão, tomada em janeiro, Alencar disse que o problema “não ensejou dano grave ao interesse público”. O voto de Alencar foi aprovado, e Walfrido não foi punido. Walfrido disse a ÉPOCA que não procurou Alencar ou qualquer pessoa do gabinete para tratar do assunto. Por meio da assessoria de imprensa, Alencar disse que, em seu ponto de vista, o fato de o sobrinho do ex-ministro trabalhar em seu gabinete não é um impedimento para ele julgar os processos de Mares Guia.
Ex-senador pelo DEM, o ministro José Jorge diz que também não sofreu embaraços ao relatar no ano passado um processo contra a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Ela foi acusada pelo Ministério Público de ocupar indevidamente o cargo remunerado de presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), no Tocantins, ao mesmo tempo que cumpria mandato de deputada federal. Além de ter sido colega de partido, Kátia trabalhou para que Jorge fosse indicado pelo Senado para o TCU. Em seu voto, Jorge livrou Kátia Abreu. Em nota, Jorge afirmou ter relações pessoais com quase todos os parlamentares, políticos e empresários. “Se ele (Jorge) se declarar impedido em todo processo de interesse de conhecido seu, não participará de um grande número de julgamentos”, diz a nota.
Uma situação similar ocorreu com o ministro José Múcio Monteiro. Ele relatou um processo em que um ex-colega de PTB, Luiz Piauhylino, atuou como advogado de empresas responsáveis por uma obra no Rio Madeira, em Rondônia. Segundo a auditoria do TCU, as empresas praticaram sobrepreço e receberam recursos do Ministério dos Transportes fora do prazo. Embora tenha rejeitado argumentos de Piauhylino, Múcio votou pela continuidade da obra e dos pagamentos, decisão que acabou aprovada pelos outros ministros. Em nota, Múcio comentou os pedidos de Piauhylino negados pelo Tribunal, mas ignorou sua decisão de permitir a continuidade da obra. Piauhylino disse que mantém relação civilizada com Múcio, mas que as vidas profissionais são independentes. “Nesse processo saí derrotado”, disse.
 
 
 
CONTRADIÇÃO
Ministros do TCU durante julgamento. O Tribunal contratou serviços de comunicação sem licitação, apesar de recomendar o contrário ao governo federal
Se quiser, José Múcio ainda poderá se declarar impedido em um processo que investiga um acordo entre a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e quatro sindicatos de usineiros, revelado por ÉPOCA em 2009, no valor de R$ 178 milhões. Além de já ter atuado como diretor de empresas do setor sucroalcooleiro, em que sua família mantém negócios, Múcio tem parentesco com os donos de uma das usinas beneficiadas pelo acordo firmado pela ANP. Há um ano com o processo, Múcio não decidiu se vai se considerar impedido.
Outro caso com potencial conflito de interesses está nas mãos do ministro Augusto Sherman. Ele examina um processo em que a empresa FSB Comunicações é acusada de ter sido favorecida em uma licitação no Ministério do Esporte. Em fevereiro do ano passado, a FSB ganhou um contrato de R$ 260 mil com o Instituto Serzedello Corrêa, ligado ao TCU, para dar um treinamento para “identificação de fatores de risco, contenção de dinâmicas adversas e gerenciamento de crise impactantes para a imagem institucional”. Na ocasião da contratação, o TCU era alvo de críticas do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, insatisfeito com a paralisação de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo Tribunal. Uma das orientações recorrentes do Tribunal é para que os órgãos públicos contratem serviços por meio de licitação. Por analogia, o TCU deveria fazer o mesmo, pois existem várias empresas que prestam o mesmo tipo de serviço feito pela FSB. Em seu caso, o TCU não seguiu o procedimento recomendado por ele próprio e fez a contratação sem licitação.
Dois projetos em tramitação no Congresso preveem a criação de um órgão de controle externo destinado a fiscalizar os Tribunais de Contas no país. Eles criam uma instância com funções semelhantes às exercidas no Poder Judiciário pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com poder de investigar desvios de conduta dos integrantes desses Tribunais. Apesar de o TCU estar vinculado ao Congresso Nacional e ter uma corregedoria interna, os atos de seus ministros, na prática, estão submetidos a uma fiscalização praticamente inexistente. Se um conselho nacional dos Tribunais de Contas existisse, possivelmente os ministros do TCU se tornariam mais zelosos em suas condutas. Esse é um aprimoramento institucional que deve ser estimulado para preservar a autoridade do TCU e sua capacidade de resguardar o dinheiro público.


Este é  nosso Brasil!!!!
 

Fonte: Ëpoca - Murilo Ramos, com Isabel Clemente e Marcelo Rocha

Especialistas mostram como é possível evitar o câncer com hábitos saudáveis. Doença tem 500 mil novos casos previstos para 2011

Sozinho, sem saber de que se trata, não parece, mas o número - 35% - é tentador. Reduzir em mais de um terço a quantidade de casos de câncer no país funcionaria como mágica para médicos e, evidentemente, para os pacientes da segunda doença que mais mata no país, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E por mais inesperado que possa ser, há, sim, a tal poção. Ela é um conjunto de fatores que se associam em uma palavra batida, mas pouco praticada: prevenção.


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De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 35% de todos os casos de câncer que surgem no país poderiam ser evitados com base no verbo ´prevenir`. Até porque ´remediar`, em se tratando dessa doença, é uma conjunção muito mais complexa. São 500 mil novos casos previstos para 2011 no Brasil, segundo o Inca. A matemática é simples: desses, 175 mil podem ou poderiam ser evitados.

Mas o que previne? O Correio Braziliense/Diario ouviu três dos mais importantes especialistas da cidade para ajudar a traçar esse caminho ou, pelo menos, apontar direções. E embora o genérico ´levar uma vida saudável` apareça como consenso, há uma ou outra recomendação mais específica que pode fazer a diferença na hora do diagnóstico (leia abaixo).

No caso do câncer de mama, por exemplo, o tradicional autoexame - protagonista de insistentes campanhas do governo - não deixa de ter o seu valor, mas alguns especialistas são bem mais rigorosos: eficácia mesmo, só com exame clínico. ´Do ponto de vista de curabilidade, o ideal é fazer a mamografia`, sentencia o médico Murilo Buso, do Centro de Câncer de Brasília.

Outra questão está na hora de apegar-se à nem sempre saborosa ´alimentação balanceada`, outro lugar-comum quando se trata de prevenção. Muitas verduras no prato é a regra, mas a distinção delas muda alguma coisa? Segundo o médico Celso Rodrigues, coordenador do Programa de Prevenção e Controle do Câncer e Tabagismo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, muda. ´Entre as campeãs, estão couve e brócolis. O tomate é protetor contra o câncer de próstata, e a maçã tem maior potencial entre as frutas`, enumera. O que, na prática, significa o seguinte: entre uma salada com alface e rúcula e outra com couve e brócolis, a segunda é mais próxima de menu preventivo.

E se há o alimento do bem, há, evidentemente, a turma a ser evitada. No caso, embutidos ou enlatados - ricos em nitritos e nitratos, conservantes que podem facilitar o aparecimento da doença. Nessa lista, acrescente carnes defumadas, salsichas e salames. ´Não precisa abolir esses alimentos, mas é bom evitar`, pondera Buso.

Adepto da série de hábitos saudáveis que permeiam a prevenção, o professor universitário Renato Lobo abraçou uma espécie de cruzada contra o câncer. Ou melhor, contra a possibilidade de contrair a doença. Aos 50 anos, ele faz acompanhamento médico e pratica caminhada quatro vezes por semana. Não fuma, o que ajuda um bocado, e bebe apenas uma vez por semana. O projeto de vida tem uma razão de ser: casos de câncer na família. Além de tios, dois irmãos de Renato tiveram câncer de próstata.

´Não quero ser pego de surpresa. Se acontecer, quero poder dizer que não foi descuido meu.` Renato Lobo, professor universitário.


Fonte: Na rota da prevenção
Edição de domingo, 27 de fevereiro de 2011