Sozinho, sem saber de que se trata, não parece, mas o número - 35% - é tentador. Reduzir em mais de um terço a quantidade de casos de câncer no país funcionaria como mágica para médicos e, evidentemente, para os pacientes da segunda doença que mais mata no país, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E por mais inesperado que possa ser, há, sim, a tal poção. Ela é um conjunto de fatores que se associam em uma palavra batida, mas pouco praticada: prevenção.
De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 35% de todos os casos de câncer que surgem no país poderiam ser evitados com base no verbo ´prevenir`. Até porque ´remediar`, em se tratando dessa doença, é uma conjunção muito mais complexa. São 500 mil novos casos previstos para 2011 no Brasil, segundo o Inca. A matemática é simples: desses, 175 mil podem ou poderiam ser evitados.
Mas o que previne? O Correio Braziliense/Diario ouviu três dos mais importantes especialistas da cidade para ajudar a traçar esse caminho ou, pelo menos, apontar direções. E embora o genérico ´levar uma vida saudável` apareça como consenso, há uma ou outra recomendação mais específica que pode fazer a diferença na hora do diagnóstico (leia abaixo).
No caso do câncer de mama, por exemplo, o tradicional autoexame - protagonista de insistentes campanhas do governo - não deixa de ter o seu valor, mas alguns especialistas são bem mais rigorosos: eficácia mesmo, só com exame clínico. ´Do ponto de vista de curabilidade, o ideal é fazer a mamografia`, sentencia o médico Murilo Buso, do Centro de Câncer de Brasília.
Outra questão está na hora de apegar-se à nem sempre saborosa ´alimentação balanceada`, outro lugar-comum quando se trata de prevenção. Muitas verduras no prato é a regra, mas a distinção delas muda alguma coisa? Segundo o médico Celso Rodrigues, coordenador do Programa de Prevenção e Controle do Câncer e Tabagismo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, muda. ´Entre as campeãs, estão couve e brócolis. O tomate é protetor contra o câncer de próstata, e a maçã tem maior potencial entre as frutas`, enumera. O que, na prática, significa o seguinte: entre uma salada com alface e rúcula e outra com couve e brócolis, a segunda é mais próxima de menu preventivo.
E se há o alimento do bem, há, evidentemente, a turma a ser evitada. No caso, embutidos ou enlatados - ricos em nitritos e nitratos, conservantes que podem facilitar o aparecimento da doença. Nessa lista, acrescente carnes defumadas, salsichas e salames. ´Não precisa abolir esses alimentos, mas é bom evitar`, pondera Buso.
Adepto da série de hábitos saudáveis que permeiam a prevenção, o professor universitário Renato Lobo abraçou uma espécie de cruzada contra o câncer. Ou melhor, contra a possibilidade de contrair a doença. Aos 50 anos, ele faz acompanhamento médico e pratica caminhada quatro vezes por semana. Não fuma, o que ajuda um bocado, e bebe apenas uma vez por semana. O projeto de vida tem uma razão de ser: casos de câncer na família. Além de tios, dois irmãos de Renato tiveram câncer de próstata.
´Não quero ser pego de surpresa. Se acontecer, quero poder dizer que não foi descuido meu.` Renato Lobo, professor universitário.
Fonte: Na rota da prevenção
Edição de domingo, 27 de fevereiro de 2011
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