"Tolerar a injustiça é relativamente aceitável, condenável é a intolerância da justiça". Leandro Francisco

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pelo Mundo - Internacionais

Milhares de italianas protestam contra Berlusconi

Milhares de italianas protestaram neste domingo contra as aventuras sexuais do chefe de Governo Silvio Berlusconi, envolvido em vários escândalos de ordem sexual, inclusive com menores de idade, e exigiram "respeito à dignidade das mulheres". Uma das maiores concentrações ocorreu na Piazza del Popolo, em Roma, com grande participação também de homens e crianças.
Apesar de não terem sido proporcionadas cifras oficiais dos participantes, cogita-se que entre 50 e 100 mil pessoas estiveram reunidas.
As manifestações também queriam chamar a atenção sobre as dificuldades da mulher italiana e reivindicar seu direito de trabalhar, ter ajuda caso queira ter filhos e o fim das discriminações. Vários eram os cartazes com frases como "Não me chamem de prostituta, sou uma escrava" e uma imensa faixa rosa pedindo "um país que respeite todas as mulheres" foi colocada no alto de um prédio.
Em Milão, apesar da chuva, milhares de pessoas criticaram a "imagem indecente" que Berlusconi projeta para a Itália.
— Estamos aqui para dizer que as mulheres na Itália não são como as prostitutas de Berlusconi. É uma imagem horrível, somos a piada do mundo — afirmou Maria Rosa Veritta, uma dona de casa de 60 anos que vive em Arcore, perto de Milão, onde se encontra a residência de Berlusconi, palco de festinhas com dezenas de mulheres.
Palermo foi o primeiro lugar a começar com as manifestações, com cerca de 10 mil manifestantes. Apesar de não haver referências a sindicatos ou grupos militantes, membros da direita italiana viram as manifestações como um ataque político.
— As pessoas que se manifestam em inúmeras cidades italianas pertencem ao movimento antiBerlusconi promovido pela esquerda — afirma Fabrizio Cicchitto, chefe dos deputados do Povo da Liberdade (PDL), partido de Berlusconi.
Giulia Buongiorno, uma militante de direita, ex-membro do PDL e importante dirigente do grupo Futuro e Liberdade, criado por dissidentes, disse que se manifestou "não para criticar as festas ousadas e sim pelo fato que as mesmas se convertam num sistema de seleção da classe dirigente", em referência a Nicole Minetti, uma das organizadoras das festas convertida em conselheira regional do PDL

Fonte: ZeroHora


"Efeito dominó" no mundo árabe tem influência da globalização, diz professor da UnB

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Embora ainda se considere cedo para analisar as relações entre as recentes revoltas populares, a combinação entre a rapidez da comunicação no mundo globalizado, o empobrecimento relativo de algumas regiões da Europa e até mesmo a resistência do mundo ocidental ao programa nuclear iraniano tem influenciado diretamente a “onda democratizante” nos países árabes.
Para o professor Carlos Eduardo Vidigal, doutor em Relações Internacionais e professor de história pela Universidade de Brasília (UnB), é certo que há um “efeito dominó” influenciado por esses e outros fatores, mas é incerto o futuro desses países e a nova configuração geopolítica do mundo árabe. “São anos de regimes autoritários, muitos deles contando com a simpatia norte-americana. Há um choque entre a manutenção desses regimes e o mundo globalizado, com tamanha velocidade de informações”, comentou.
O primeiro governo a ruir diante das manifestações populares foi o da Tunísia, que hoje está sob um governo de transição. As revoltas culminaram com a deposição do presidente Zine El Abidine Ben Ali, que foi obrigado a deixar o país após 23 anos no poder. No Egito, os protestos levaram à renúncia o presidente Hosni Mubarak, há 30 anos no poder.
Hoje (13), em mais um Dia da Raiva, manifestantes no Yemen exigiram a saída imediata do presidente Ali Abdullah Saleh, que está no poder há 32 anos. Abdullah Saleh já anunciou que não diputará as eleições presidenciais em 2013, mas os manifestantes querem sua renúncia imediata, como fez o presidente do Egito.
Na Argélia, mais de 3 mil argelinos se concentraram na Praça Primeiro de Maio, pela redemocratização do país, no entanto a polícia conseguiu impedir que os manifestantes percorressem as ruas da cidade contra o presidente da Argélia, Abdelaziz Bouteflika, que governa o país desde 1999. O movimento de oposição argelino já está organizando uma marcha para o próximo sábado (19).
Para Vidigal, as redes sociais representam um fato novo com grande influência nesse processo. “O uso das redes sociais para as mobilizações, sem dúvida alguma, é um fato novo, como também é um fato novo o surgimento de democracias verdadeiramente populares”, destacou o professor.
“No Brasil, por exemplo, temos uma democracia que coexiste com a miséria, com muitos grupos empobrecidos. A princípio, vejo essas revoltas como algo positivo. A expectativa é que isso se transforme em uma melhor distribuição de renda. Mas é preciso ficar atento porque o povo nas ruas não agrada muito a qualquer governo, nem mesmo aos regimes democráticos”, criticou.
Nesse contexto, para o professor, os Estados Unidos têm muito a perder com uma reconfiguração do mundo árabe. "Os atuais regimes ditatoriais são fundamentais para o atual equilíbrio dos Estados Unidos. Um exemplo disso é o que ocorre na Arábia Saudita. Além da questão econômica, essas revoltas também podem despertar um sentimento de nacionalismo contrário aos Estados Unidos, o que seria contraproducente para os negócios norte-americanos."
As sanções internacionais ao programa nuclear iraniano influenciaram as revoltas, na opinião de Vidigal, ao criarem a simpatia dos povos árabes ao programa do país persa. “Há o seguinte questionamento: Por que outros países puderam desenvolver seus programas nucleares, e até mesmo chegar ao artefato atômico, sem sofrerem pressão do Conselho de Segurança da ONU, liderado pelos Estados Unidos, França e Grã Bretanha?”, analisou. “Existe um sentimento de solidariedade com o Irã, mesmo não sendo um país árabe”, destacou.
Edição: Andréa Quintiere

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