"Tolerar a injustiça é relativamente aceitável, condenável é a intolerância da justiça". Leandro Francisco

sábado, 16 de abril de 2011

País de analfabetos

Um prefeito que não sabe ler nem escrever quando a legislação eleitoral proíbe analfabetos de se candidatarem a cargos públicos é mesmo um absurdo.
O caso do gestor mineiro não é único, nem uma novidade.
No ano passado, o deputado federal mais bem votado do país, o palhaço Tiririca teve que fazer teste e provar que não era iletrado para poder tomar posse.
O ex-presidente Lula, quando ainda candidato, foi tachado, pelos adversários políticos, de analfabeto por não ter completado o antigo ensino primário e, até hoje, carrega com ele esse estigma.
Ser ou não analfabeto não é a única questão.
O fato é que o prefeito mineiro admitiu publicamente ter comprado o diploma, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. E o pior é que muitos eleitores dele também não viram nada de mal nisso...
Mas, negociar um diploma falso, forjar uma formação educacional para burlar a legislação e conseguir se eleger para exercer um mandato... não é só anti-ético, mas, acima de tudo, é imoral.
Ser analfabeto não é crime.
Esse fato, por si só, nem desqualificaria totalmente o prefeito mineiro.
O que pesa contra ele é a total falta de respeito à lei eleitoral, ao direito brasileiro, e aos eleitores mineiros.
Olha, esse caso do prefeito de Dom Cavati me faz pensar:
Qual o maior absurdo: um político que não sabe ler e escrever ou um país que não investe o suficiente em educação?
Míseros cinco por cento do nosso Produto Interno Bruto são investidos em escolas.
Em contra partida, quase dez por cento da nossa população é completamente iletrada. Isso sem falar nos analfabetos funcionais, que ficam à margem do mercado de trabalho e emperram a evolução social e econômica do nosso país.
E o que estamos fazendo para mudar isso? Quase nada.
Ao invés de investir maciçamente na qualidade do ensino e na qualificação dos nossos professores, nós tomamos o caminho mais curto e mais fácil: maquiamos nossos índices de educação, esquecendo a meritocracia nas escolas públicas e abolindo a repetência no ensino fundamental.
De fato, ter um prefeito analfabeto nos envergonha, mas sermos um país de analfabetos é vergonha ainda maior.

Fonte: rachel sheherazade

Nenhum comentário:

Postar um comentário