"Tolerar a injustiça é relativamente aceitável, condenável é a intolerância da justiça". Leandro Francisco

quinta-feira, 24 de março de 2011

Mundo na quinta-feira, 24 de março de 2011



Trabalhadores de Fukushima são hospitalizados por radiação excessiva
Reportagem do Estadão revela que dois funcionários da usina nuclear de Fukushima foram hospitalizados ontem por terem sido expostos à radiação excessiva enquanto trabalhavam para levar cabos elétricos ao reator número 3. De acordo com o jornal, eles receberam radiação acima do recomendado e foram levados ao hospital da cidade de Fukushima. De lá devem ser transferidos para um instituto especial de radioatividade na cidade de Chiba, no leste do Japão.

Premiê italiano exige de Gaddafi cessar-fogo para iniciar mediação
Em entrevista concedida ao jornal italiano Corrieri della Será, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, exigiu ao líder líbio, Muammar Gaddafi, que cumpra um “verdadeiro” cessar-fogo como condição imprescindível para que possa ter início uma fase de mediação diplomática. Segundo a reportagem, Berlusconi assegurou que a operação militar dos aliados na Líbia tem o objetivo de “defender” a população civil e que a Itália não entrou nem quer entrar em guerra.

TV mostra terror provocado por forças de Gaddafi
O relato começa com a descrição do que os jornalistas viram:
Uma equipe de três pessoas da Sky News ficou presa em Zawiyah enquanto Khadafi jogou sua brigada mais feroz contra a cidade – por dias e dias. Nós vimos civis lutando por suas vidas e muitos deles morrendo. Vimos os soldados do regime atirando em ambulâncias (incluíndo aquela em que estávamos viajando). Vimos os homens do coronel bombardeando apartamentos recidenciais e atirando tão perto do principal hospital da cidade que as janelas tremiam. Vimos crianças e mulheres que haviam sido baleadas na cabeça.
E termina mostrando que o discurso bizarro de Khadafi, de que as potências ocidentais e a rede terrorista Al Qaeda estão trabalhando juntas contra a Líbia, encontra eco nos ouvidos de muitos militares.
Estávamos lá quando um soldado ferido da brigada Kharmis foi levado ao hospital com seus pés feridos após uma explosão. Ele tinha uma identificação que mostrava sua unidade e sua nacionalidade. Ele era líbio e comandante de um tanque. Ele estava consciente e capaz de responder perguntas. Eu perguntei a ele em quantos veículos eles vieram para a cidade. Ele disse de 25 a 30. Ele continuou a dizer – enquanto seus ferimentos eram tratados – que nunca esperou ser tratado de forma tão humana. “Disseram para nós que vocês eram terroristas da Al Qaeda”, disse ele. “Mas vocês são pessoas boas”.

Atentado deve endurecer a postura de Israel
Cada vez que israelenses e palestinos chegam perto de um acordo de paz, há sempre alguém de um lado ou de outro que manobra para tirar o processo dos trilhos. Desta vez, nem havia diálogo, mas um atentado terrorista no centro de Jerusalém acabou com qualquer possibilidade de que as partes se sentem para negociar em meio à onda de revolta no mundo árabe. A bomba explodiu em um ponto de ônibus, matando uma mulher de 59 anos e deixando 30 feridos. Aparentemente, em represália a ataques de Israel em Gaza, que por sua vez eram uma represália de um ataque do Hamas, que por sua vez… etc.
O Haaretz detalha as declarações do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e é possível extrair de sua fala que a posição do governo israelense se tornará ainda mais rígida. Os ataques chocaram os israelenses, pois Jerusalém estava livre do terror há dois anos.
“O governo, as Forças Armadas, e a população têm uma vontade de ferro de defender o país e seus cidadãos”, disse Netanyahu antes de embarcar em um voo para a Rússia. “Israel vai agir firme, responsável e espertamente para preservar a calma e a segurança que prevaleceram aqui pelos últimos dois anos”, disse.

Por que Khadafi deve cair
O site da revista americana The New Yorker traz um artigo do jornalista Andrew Solomon, que fez diversas coberturas na Líbia, no qual ele defende de forma veemente a intervenção militar no país norte-africano. Solomon descreve o cotidiano absurdo ao qual os líbios eram submetidos por Khadafi e até o rirmo frenético de SMSs que o filho do ditador, Saif al-Islam, tem enviado a um investidor americano com o objetivo de tirar seus ativos dos Estados Unidos. E conclui dizendo que, mesmo com o caos que se seguirá à queda de Khadafi, é preciso que ele seja derrubado:
Ao perdermos vidas líbias, colocamos em perigo vidas americanas. Após anos apoiando terríveis ditadores no mundo árabe porque eles nos vendem petróleo, os Estados Unidos precisam mostrar que apoiam a vontade da população, pois o suporte aos governos autoritários fez muitos árabes nos odiarem. Isso faz nossa retórica sobre democracia parecer tão absurda quanto a de Khadafi. (…) Se não tirarmos Khadafi do poder, permitimos que a descrição dos Estados Unidos feita pela Al Qaeda, de um país rico, egoísta e corrupto, seja assustadoramente verdadeira. Se permitirmos que Khadafi fique no poder, vamos encorajar outros ditadores. As mensagens contraditórias de Obama sobre a mudança de regime foram criticadas tanto por quem quer ver Khadafi fora quanto pelos que querem os EUA fora do conflito. Conseguir a remoção de Khadafi neste estágio vai promover o estabelecimento rápido de uma democracia nos moldes da Suécia, por exemplo? Não. O caos se aproxima; a rebelião é coerente e incoerente ao mesmo tempo. Ainda assim, seu primeiro objetivo, tirar esse homem de lá, é um objetivo válido para eles e para nós”.

Brasil deve mudar em relação a Irã
A reunião do Conselho de Segurança da ONU que acontecerá hoje, que proporá o envio um relator especial ao país do Oriente Médio para investigar as denúncias de violações de direitos humanos, deve receber o apoio do Brasil. De acordo com reportagem do Estadão, o voto pode marcar hoje, pela primeira vez, a mudança de posição do Brasil em relação ao Irã. Nos últimos 10 anos o Brasil se absteve em votações que condenavam o Irã ou era contrário a resoluções.

As mulheres de Obama e o ataque à Líbia
A colunista do jornal The New York Times Maurren Dowd, que durante a campanha presidencial americana era simpática ao candidato Barack Obama, publicou artigo na edição desta quarta-feira do jornal fazendo uma dura crítica ao presidente Obama.
Dowd lembra que, apesar de alguns atribuírem comportamento agressivo aos homens e conciliatório às mulheres, foram as conselheiras de Obama que o convenceram a iniciar o bombardeio contra a Líbia – Hillary Clinton, secretária de Estado, Susan Rice, embaixadora na ONU, e as conselheiras de segurança nacional Samantha Power e Gayle Smith. O fato de serem mulheres gerou críticas de conservadores americanos, ironizadas por Dowd, mas ela lembra que o problema é outro. Essas mulheres convenceram Obama com argumentos emotivos, como os genocídios de Ruanda e da Bósnia, e não com argumentos práticos, como os interesses dos Estados Unidos.
 Por mais atenção que a divisão de gêneros provoque, é ainda mais interessante observar os paralelos entre Obama e W [o ex-presidente George W. Bush]. O candidato Obama disse sobre um possível ataque ao Irã: “O presidente não tem poder sob a Constituição para, unilateralmente, autorizar um ataque militar em uma situação que não envolva uma ameaça iminente à nação”. Ainda assim, os dois homens iniciaram guerras de escolha (Iraque e Líbia), com os processos de tomada de decisão marcados mais por impulso e reação do que por disciplina e rigor.

Fonte: Época

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